Entrevista com a Game Freak

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(Tempo de Leitura: 5 minutos)

Numa entrevista recente realizada pela 4Gamer, o diretor Tetsuya Watanabe e o diretor de arte Ken Sugimori falaram a respeito da Game Freak. A Game Freak é famosa por desenvolver os jogos da série Pokémon, no entanto, ela não possui exatamente um dos maiores estúdios de desenvolvimento de jogos. Pokémon X/Y ajudou com que a empresa pudesse crescer nesse aspecto.

A Game Freak criou um processo interno para o desenvolvimento de jogos, batizado de “Gear“, que permite a qualquer membro da empresa discutir sobre uma ideia, que então é colocada em prática, juntando-se a outros três membros da staff para concordar e realizar um “brainstorming“. A 4Gamer perguntou sobre como era planejar um novo jogo antes de criarem o projeto “Gear“.

Watanabe: “O desenvolvimento era algo que acontecia de cima para baixo. Sempre que o desenvolvimento de um jogo de Pokémon tinha se acalmado, acontecia algo como: ‘Vamos chamar alguém jovem para fazê-lo’, enquanto aquecíamos a ideia de quem estaria planejando, e avançamos daí. Além disso, o avanço dos projetos estava sempre centralizado em torno dos planejadores, mas recentemente nós nos livramos dessas limitações, transformando em algo que nos dá mais liberdade”.

A 4Gamer pergunta se a Game Freak tem algum jogo de Pokémon em desenvolvimento ao mesmo tempo que fazem outros jogos com o processo de desenvolvimento “Gear“.

Sugimori: “Parece que agora finalmente tornou-se dessa forma. Anteriormente, devido ao trabalho que era colocado em Pokémon, era praticamente impossível termos outras linhas de desenvolvimento. Dizer simplesmente que ‘isso é difícil’ não irá te levar a lugar algum, e o Gear foi colocado em prática para que, em vez disso, possamos dizer ‘vamos dar o nosso melhor, mesmo que isso não pareça possível’. Em primeiro lugar, nossa empresa não era assim tão grande, logo, ter várias linhas de desenvolvimento por si só já era difícil para nós.”

Considerando a grande popularidade que Pokémon possui, muitos devem pensar que a Game Freak tem uma equipe de desenvolvimento enorme. No entanto, de acordo com Watanabe, não é bem assim.

Watanabe: “Neste momento, temos mais de 80 funcionários, mas este é o resultado da expansão para o desenvolvimento de Pokémon X e Y. Antes, tínhamos cerca de 50 a 60 pessoas, e antes disso tivemos muito menos. Além disso, para nós, Pokémon é uma peça muito importante do trabalho, então colocamos uma quantidade considerável de energia nele. Então, fazer algo diferente de Pokémon sempre foi uma situação difícil para nós.”

Watanabe: “Enquanto muitos de nossos funcionários jovens têm orgulho em trabalhar em Pokémon, eu acredito que uma outra parte deles sente algo como ‘não é um jogo que nós criamos’.”

Sugimori: “A sensação de criar algo a partir do zero e vê-lo crescer é uma sensação excepcional, afinal de contas.”

Watanabe: “Então eu acho que é melhor para os funcionários mais jovens da nossa empresa aproveitar a oportunidade para ganhar essa experiência. Trabalhar de forma independente e discutir enquanto avança através dos projetos pode ser uma experiência que pode não acabar bem no início, no entanto, pensando cinco ou dez anos à frente, eu acredito que a experiência vai se tornar necessária.”

Também foi comentado sobre o porquê de ainda não termos visto pokémons sendo comprado por DLC ou outros meios que envolvam o desembolso de dinheiro.

Sugimori: “Quando se trata de negócios, a única coisa que eu sempre disse não é ‘o ato de comprar pokémons com dinheiro’. Isso é algo que sempre foi dito desde os dias que Satoshi Tajiri estava completamente envolvido com tudo. A razão disso é porque é uma coisa que poderia ‘arruinar a visão de mundo’ de Pokémon. Eu acredito que a razão de nós simplesmente não comercializarmos pokémons seja uma forma de proteger a marca, e para esse fim, temos uma empresa profissional chamada The Pokémon Company. Portanto, supondo que vendemos um pokémon por 100 ienes, então teremos que preparar algo digno de 100 ienes, além de ter uma consistência razoável para fazê-lo.”

A 4Gamer então pergunta por que para eles é permitido distribuir pokémons lendários para os fãs que compram o ingresso para assistir os filmes de Pokémon nos cinemas.

Sugimori: “Esse plano veio depois que pensamos ‘agora sim, isso é divertido’, sobre a ideia de ter uma experiência de um pokémon que foi destaque no filme que você acabou de assistir, parece sair da tela grande. Depois de tentarmos isso, pensamos muito sobre o assunto e ele foi bem recebido, e nós tivemos muito o que conversar sobre ele. Não é que nós apenas queremos distribuir pokémons, mas queremos dar a nossos clientes o gosto de uma ‘nova experiência’. O que quer que fazemos, procuramos ter certeza que está adequado com a visão de mundo e nos certificamos de que permaneça consistente. Essas são algumas das peças que colocamos uma quantidade maior de importância.”

A 4Gamer pede ao diretor de arte para que dê mais detalhes sobre “permanecer consistente”.

Sugimori: “Por exemplo, se você se perguntar sobre como a ideia de ‘andar por aí com os pokémons dentro de pokébolas’ veio a surgir, é porque ‘a visão de ter monstros seguindo o personagem’ foi realmente muito difícil de se apresentar para um jogo de Game Boy. No entanto, seria estranho não ter uma razão dos monstrinhos não estarem aparecendo na tela com você, por isso veio a decisão de ‘então vamos colocá-los no seu bolso!’, tornando-se uma justificativa possível. Eu diria que amarrando a estrutura do jogo e sua visão de mundo é nossa forma de fazer as coisas.”

A 4Gamer pergunta se, no entanto, isso não significaria que nunca iremos ver pokémons disponíveis para compra no futuro.

Sugimori: “Se algum dia tivermos a ideia de que ‘será divertido vendê-los em dinheiro da vida real’, ou algo similar durante o planejamento de um futuro jogo, então talvez possamos vendê-los por 100 ienes.”

Watanabe: “O jogo Darumeshi Sports Shop, recentemente lançado, é muito interessante. O jogo em si permite a redução do preço que você paga. Eu pensei que a ideia por trás dele era divertida, e o sistema de pagamentos como parte do jogo em si foi uma experiência muito agradável.”

Fotos: 4Gamer

Robert

Webmaster da Pokémon Mythology. Responsável pela redação e administração. Escreve a maior parte do conteúdo do site, em especial os detonados.

Um comentário em “Entrevista com a Game Freak

  1. Caralho 4Gamer que merda é essa de querer fazer os cara cobra para da Pokémons?
    Deis de quando é divertido paga pra ter um Pokémon.
    Pô assim não da que empresa mercenaria é essa.

Discussão encerrada.