E se Pokémon tivesse acabado na 2ª geração?

(Tempo de Leitura: 8 minutos)

Desde um bom tempo atrás, convivemos com teorias que imaginam multiversos, realidades alternativas, essas coisas. E isso atiça o imaginário de muitas pessoas. Será que isso é verdade? Será que a linha do tempo que vivemos nada mais é que uma possibilidade que se concretizou de muitas? E se tudo o que conhecemos não for nada além de uma simulação? E se uma pequena diferença tivesse sido feita no passado, como seria tudo hoje?

Partindo disso, vamos fazer hoje um exercício de imaginação. Nada de teorias padrão. Vamos falar de realidades alternativas. Alguns já devem ter pensado em alguma coisa desse tipo, mas hoje vamos discutir e imaginar aqui – Como seria se Pokémon tivesse acabado na 2ª geração? Se segurem, porque vamos fazer um baguncinha na Matrix! Então, vamos lá?

Press Start

Antes de mais nada, vou esclarecer algumas coisas. Primeiro, sobre a beta de Gold e Silver de 1997. É sim plausível o argumento de que caso não houvesse outras regiões, o espaço que seria Hoenn e Sinnoh nessa realidade alternativa passaria a constar no mapa da beta, baseado em todo o Japão, como realmente consta. Porém nesse exercício de imaginação, vamos levar em conta que Pokémon Gold e Silver terminaram por retratar apenas o que chegou ao público, no caso a região de Johto.

Agora, respondendo a outro ponto, porque foi escolhido algo tão específico como a 2ª geração? Durante a parte final do desenvolvimento da 1ª geração de Pokémon, já havia sido iniciado o projeto para a segunda. Grosso modo, digamos que o projeto original da franquia contaria apenas com duas gerações. Prova disso é aquela famosa cena do Ho-Oh no primeiro episódio do anime. E aí que temos a ignição pra começar o exercício de imaginação. Após o término da era de Johto, a “febre” que Pokémon tinha se tornado perdeu força e passou a ser, ainda que grande, um jogo mais dedicado a sua fanbase. (situação que, diga-se de passagem, durou até o lançamento de Pokémon GO em 2016).

Caso Pokémon tivesse acabado quando ainda estava em alta, ou seja, lá pelo começo dos anos 2000, ainda assim ele seria lembrado hoje como um dos maiores jogos de todos os tempos. O “sucesso relâmpago” que Pokémon teria se tornado teria deixado um enorme legado, mesmo nos seus breves 5 anos de vida. Para ter uma impressão mais realista, acredito que seria algo similar a EarthBound (Mother no Japão). A saga de Ness teve três jogos, sendo que apenas um foi originalmente localizado para o ocidente. Mesmo assim, muitos dos conceitos que foram criados por Mother ainda podem ser vistos em vários jogos (incluindo aí Pokémon). Com a franquia de Satoshi Tajiri acabaria acontecendo algo similar. Em 1999, mesmo com Pokémon extremamente jovem, Pikachu e Jigglypuff foram escolhidos como lutadores no primeiro Super Smash Bros. Já Pichu entrou no roster de Melee, representando Johto em 2001. A franquia muito provavelmente não seria esquecida nos próximos lançamentos da série. Algum outro Pokémon das duas primeiras gerações acabaria aparecendo pelo menos em Brawl. Machamp? Hitmontop? Ao menos haveria opções disponíveis.

Machamp no Smash?

Pokémon foi um sucesso sem precedentes no mundo em geral, como muita gente sabe. Em termos atuais, é possível dizer que a chegada da franquia foi algo “viral” no mundo a época. Isso com uma Internet que ainda dava seus primeiros passos no cotidiano das pessoas. Em menos de dois anos, um jogo completamente alheio ao público se tornava o título mais vendido do Game Boy. Isso levou a muitas outras mídias relacionadas à franquia terem seu período de bonança, como o anime (que no ocidente saiu antes dos jogos) e o TCG. Simplesmente se desfazer de tudo isso na época seria muito difícil. Com uma “despedida” de Pokémon na saída da 2ª geração, isso acabaria sendo benéfico a princípio. Sem um cronograma de jogos, os fãs da época que ainda não teriam aproveitado a 2ª geração iriam fazer isso com menos pressa. Gold e Silver, ainda que com um número pouco expressivo, poderiam acabar vendendo mais do que venderam.

O fim do TCG provavelmente teria a ramificação mais próxima com a nossa realidade. Com o encerramento da produção das cartas originais, elas iriam acabar virando produto de colecionador, como realmente acontece em muitos casos. Quem não desse tal valor não poderia ir muito longe treinando as cartas, uma vez que o TCG já não constaria mais em qualquer torneio.

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As cartas seriam preservadas como um bem histórico, como realmente são

Ash, Campeão de Johto

Por sua vez, o anime poderia ter um final completamente diferente. Com Campeões da Liga Johto, poderia se esperar que tudo que Pokémon não teve nesses 20 anos acontecesse de uma vez. Vitória na Liga, shipp com Misty, ele conhecer seu pai, e Brock enfim desencalhar. Poderia a Pokébola GS ter enfim seu desfecho revelado? Todas as lacunas que levaram um bom tempo para serem respondidas, ou que ainda nem sequer tiveram essa chance viriam a luz do dia.

Ou não. Tomando o exemplo de Caverna do Dragão, é igualmente possível que os roteiristas, com a finalidade de manter a história viva (muito provavelmente com fanfics e teorias que viriam a surgir nos anos seguintes) fizessem com que a jornada de Ash tivesse acabado no mesmo Top 8 da nossa linha do tempo, e simplesmente não tivesse nenhuma continuidade a partir daí. Ou, partindo para uma terceira visão, poderia acabar ocorrendo uma mistura das duas vertentes na linha do tempo, quem sabe. Vitória na Liga, sem Pokébola GS, Ash conhecendo seu pai mesmo sem o título… Crie sua possibilidade!

Será que com o fim do anime em 2002, o título na Liga teria vindo já naquela época?

Obviamente, mesmo que não fosse mais uma febre, muitas pessoas ainda estariam aficionadas com Pokémon. A forma arcaica da fanbase, diga-se de passagem. Fansites como a Serebii continuariam existindo, porém teriam um funcionamento similar ao da Bulbapedia, registrando e catalogando cada evento, tanto na história real da franquia bem como cada uma de suas mídias. Com mais tempo para conseguir colecionar todos os produtos da franquia, é provável que muitos fãs comprassem o mangá, que tardiamente acabaria por ter uma maior visibilidade. E, com apenas duas gerações existentes, não é impossível que hoje existisse uma espécie de “Team Magma & Aqua” na fanbase, dividida entre os fãs de Kanto e Johto.

“The power of tecnology is amazing!”

A evolução da tecnologia surpreendentemente acabaria trazendo a franquia de volta, ainda que não nos níveis de 1996. Com computadores mais potentes, que agora conseguiam emular Game Boy e Game Boy Color, as hackroms viriam em massa. Claro, já existiam hacks de Pokémon desde a época dos seus lançamentos, porém essa acessibilidade do público em modificar as roms das duas primeiras gerações poderia levar a fangames muito mais avançados e elaborados. Talvez até mesmo mais elaborados que os jogos originais algum dia.

Com o aniversário de 10 anos do lançamento de Red/Blue em 2006, haveriam algumas comemorações, um momento de memória ou coisa similar da parte da Nintendo e Game Freak (Lembre-se que nessa realidade, não haveria mais a necessidade da existência de The Pokémon Company). Aos 20 anos, assim como realmente ocorreu, a chance de haverem relançamentos dos jogos no Virtual Console do 3DS seria enorme. E esse seria o “Pokémon GO” dessa linha do tempo (vale lembrar aqui que nessa realidade nenhum jogo novo da franquia foi lançado. Pokémon GO, sendo um spin-off, entra nessa lista). Com o intuito de alavancar as vendas do Virtual Console e apresentar a franquia a potenciais novos fãs, existe uma grande chance que a Twitch acabasse por fazer a lendária stream da “Twitch Plays Pokémon” dois anos mais tarde, e não em 2014, como realmente ocorreu.

Uma cena que poderia se repetir se Pokémon tivesse acabado na Gen 2

E a Game Freak? Continuaria existindo. Obviamente ela não iria trabalhar mais com Pokémon. Mas com certeza não iria fechar as portas. Muita gente sabe que a Game Freak, além de desenvolvedora de Pokémon, produz outros jogos (como Little Town Hero). Com o dinheiro obtido das duas primeiras gerações, eles poderiam terminar como uma subsidiária da Nintendo (provavelmente ocupando o lugar da Retro Studios como “sucessora” da Rare). Existe uma chance que nessa realidade a Game Freak acabasse por produzir muitos clássicos para o Wii. Seria curioso ver o nome de Satoshi Tajiri nos créditos de mais jogos da Nintendo, além dos que ele já participou antes de Pokémon, como Yoshi (1991), para NES e Game Boy.

Ending

Por fim, mesmo que Pokémon tivesse se restrito a apenas duas gerações, ele já teria deixado sua marca na indústria em geral. Os 5 anos de mercado da franquia teriam reflexos ainda hoje. Pokémon continuaria sendo um ícone da cultura nerd. Seria uma fanbase com menos fãs, mas ainda seria uma fanbase aguerrida. Teríamos perdido muitos momentos épicos nos jogos, anime, TCG e mangá, porém a nostalgia com a franquia seria algo extremamente forte. O mundo Pokémon seria totalmente diferente, mas em alguns aspectos acabaria por ser surpreendentemente igual. E vocês? O que acham? Será que com o fim de Pokémon na 2ª geração a franquia teria tomado esses rumos? Gostariam que a franquia tivesse acabado ali? Ou não? Deixa aqui nos comentários!

Gabriela Ascioli