Colosseum, XD e o horrível Battle Revolution

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Alguns hoje criticam os RPGs principais de Pokémon por se basearem sempre na mesma fórmula: um garoto (ou garota) que sai de casa com o objetivo de se tornar campeão da Liga, e para isso precisa conquistar 8 insígnias, enquanto ao mesmo tempo estraga os planos de uma equipe maléfica da região. Embora a cada geração o sistema de batalhas e outros detalhes foram melhorando cada vez mais, o enredo básico não tem mudado muito. Para atender os fãs que se cansaram, foram criados spinoffs, jogos com histórias alternativas. Dois que merecem destaque nesta matéria são Pokémon Colosseum e Pokémon XD Gale of Darkness, criados pela Genius Sonority (isso mesmo, não são da GameFreak).

Pokémon Colosseum foi lançado em 21/11/2003 no Japão e 22/03/2004 nos Estados Unidos, e foi um jogo inovador em vários sentidos. Ele é encarado como o sucessor de Pokémon Stadium, mas Colosseum é muito mais do que isso por um motivo: incluía um modo história RPG, que permitia conseguir pokémons exclusivos e enviá-los para os jogos da terceira geração da época (Ruby, Sapphire, Emerald, FireRed e LeafGreen).

Por ser um jogo para um console de mesa, o GameCube, este foi o primeiro RPG totalmente em 3D. Os gráficos foram muito bem trabalhados, tornando as batalhas bem fluídas, apesar de mais lentas do que nos portáteis. Os efeitos dos ataques usavam todo o poder gráfico que o GameCube tinha. Mas a maior inovação estava no enredo: você é um bandido. Wes, o protagonista, com a ajuda de seu Umbreon e Espeon (quebrando o clichê dos iniciais de planta/fogo/água level 5) rouba de sua antiga gangue uma máquina chamada Snag Machine, que é capaz de capturar pokémons que já são de outras pessoas (quebrando o clichê de capturar pokémons nos matinhos). Depois você conhece uma garota chamada Rui e ela passa a segui-lo (quebrando mais outro clichê, que era viajar por aí sozinho). Logo ambos descobrem a existência de uma segunda equipe vilã, os Ciphers, que fazem experiências alterando o DNA dos pokémons e fechando o coração deles, transformando-os em máquinas de batalha que atacam até mesmo outros humanos. Estes são os Shadow Pokémon, e seu objetivo é encontrá-los e purificá-los, enquanto tenta acabar com os planos das duas organizações malignas da região de Orre.

Como sabemos, o GameCube não foi um console que fez muito sucesso. Mas graças à qualidade do jogo e história original, Colosseum fez dobrar as vendas do console na Europa. Ele é um jogo feito para quem já conhece o sistema de batalhas e já sabe o que são treinadores pokémon (diferente dos RPGs principais, que em toda geração te ensinam o básico tudo de novo), e por terem uma temática mais adulta, acabou sendo bem aceito pelos jogadores mais experientes, o que levou ao lançamento de mais um jogo.

Em 2005 foi lançado Pokémon XD Gale of Darkness, uma continuação direta (coisa rara, os únicos jogos que também possuem continuação direta da história anterior foram Trading Card Game 2 e Gold/Silver, além de seus remakes). Neste jogo a história se passa 5 anos depois dos eventos de Colosseum, com um novo protagonista, Michael, e seu Eevee. Você descobre que os Ciphers estão de volta, e agora possuem em mãos um Shadow Lugia que foi desenvolvido para ser impurificável. Seu objetivo novamente é frustrar os planos dos Ciphers e roubar deles todos os shadow pokémons, além de também resgatar o professor Krane, que foi sequestrado.

Este jogo corrigiu os principais problemas que havia em Pokémon Colosseum, como por exemplo adicionando a opção de salvar o jogo em qualquer lugar (e não apenas nos Centros Pokémon, como em Colosseum), e áreas onde você pode capturar pokémons selvagens (em Colosseum apenas pokémons Shadow eram capturáveis). Além disso, em Colosseum só havia um ataque tipo shadow, o Shadow Rush, enquanto em Gale of Darkness há 18 ataques deste tipo, exclusivos deste jogo e bastante poderosos (por agora serem super-efetivos em pokémons não-shadow). Os gráficos foram melhorados ainda mais, os treinadores até mostram reações quando seu pokémon é atingido. Mas, apesar dessas melhorias, Gale of Darkness acabou recebendo notas menores que Colosseum, porque foi um jogo lançado meio que às pressas, o que é facilmente notado (a maioria dos locais é exatamente igual era em Colosseum, mesmo tendo se passado “5 anos”, na história). No quesito inovação, Colosseum ainda merece um crédito maior.

Bom, o Nintendo Wii já estava chegando, assim como os jogos da quarta geração. Diamond e Pearl foram lançados em 2006, e um ano depois, para matar a vontade dos jogadores poderem ver suas batalhas em 3D, a Genius Sonority lançaria para o Wii mais um jogo estilo Stadium: Pokémon Battle Revolution.

E é aqui que todos choram. Este foi talvez o pior jogo de Pokémon já criado. Principalmente porque o modo RPG foi eliminado, e por não ter mini-games como haviam em Stadium, mas não é só isso. Simplesmente você não consegue fazer quase nada no jogo se não tiver um jogo portátil da quarta geração, ficando limitado a jogar um monte de partidas com opção de apenas dois times de pokémons pré-definidos (e com movesets horríveis). O gameplay se resume a enfrentar vários colosseums, e só. As batalhas aparentam ser muito lentas (cada ataque leva eternidades para atingir o oponente, chega a ser cômico ver o Monferno correndo em câmera lenta para acertar um fire punch), e por você usar sempre os mesmos pokémons acaba sendo um jogo bastante enjoativo.

Calma que ainda tem mais defeitos. Por ter sido lançado muito cedo, até mesmo as formas alternativas de Shaymin, Giratina, Rotom e o Pichu de orelha espetada perdem sua forma ao serem transportados para este jogo, por não terem sido programados. Que dizer então dos gráficos e sons? As músicas de fundo são boas, mas chegam a ser irritantes logo no menu principal do jogo, que fica te barrando com explicações inúteis quando você começa o jogo da primeira vez. Os gráficos possuem um estranho efeito de “motion blur” durante as batalhas, deixando tudo sempre embaçado, e fazendo os pokémons ficarem com aparência mais artificial, ao invés de mais realistas. E até as animações dos pokémons são idênticas a Colosseum (como o Kirlia rodopiando ao ser atingido e levantando os braços ao ser derrotado), nem nisso foram originais. Não é atoa que Pokémon Battle Revolution recebeu nota 5/10 da IGN, considerado “medíocre”.

Talvez nunca saberemos porquê não foi incluído um modo RPG, o que teria deixado este jogo bem melhor. Há quem diga que, se a Nintendo continuasse fazendo RPGs de Pokémon para os consoles de mesa, estes iriam ofuscar os RPGs principais. Afinal, mesmo se tivesse uma história clichê com ginásios e uma liga, quem não ia preferir explorar uma região numa tela grande e com lindos gráficos 3D? Infelizmente, o destino que a Nintendo quer é que Pokémon continue sendo o que é: Pocket, de bolso. Só nos resta torcer então por RPGs spinoffs para o Nintendo DS e 3DS, e que tenham enredos interessantes. A quinta geração chegou a pouco tempo, tomara que haja bons spinoffs como tivemos com a terceira e quarta geração.

Robert

Webmaster da Pokémon Mythology. Responsável pela redação e administração. Escreve a maior parte do conteúdo do site, em especial os detonados.

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