Vocês já pararam pra pensar em quem rege o mundo Pokémon? Quero dizer, além da cachola da produção. Dentro da lore dos monstrinhos de bolso, num mundo sem presidentes ou reis, quem é o responsável por definir as leis, gerenciar os recursos, e fazer toda aquela burocracia política que a gente costuma ver no nosso mundo? E como mais ou menos isso tudo deve funcionar? Vem saber agora.
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Aliás, é muito importante ressaltar que esse texto não tem qualquer intenção de valorizar um lado político A, B ou C. Já adianto que é uma boa nem continuar lendo se você for sensível com política. Dados os devidos avisos, vamos começar de vez com isso. Algo que é quase uma lei no mundo Pokémon é a presença de uma empresa gigante em cada região. E onde dinheiro é poder, são justamente essas empresas quem supostamente “mandam no rolê”. As exceções da lista são Unova, Kalos e Alola.
“Multirregionais“
É necessário citar aqui a influência das “gigantes” do mundo Pokémon. Em Kanto, temos a Silph Company. Com sede em Saffron, a empresa tem várias aparições durante o período da primeira geração. A empresa é tão importante que foi o local que representou a própria franquia de Pokémon no primeiro Super Smash Bros., lançado ainda em 1999.
A Silph é responsável por praticamente sustentar a manutenção da prática da captura e treinos de Pokémon modernos. Dentro da realidade de Pokémon, é praticamente inimaginável pensar em um mundo onde a empresa não exista. Afinal, ela é quem fabrica as várias Pokébolas, Potions, e muitos outros itens na jornada de um treinador.
Partindo do princípio dos próprios jogos onde ter um Pokémon é sinônimo de poder, a Silph é quem detêm o “poder desse poder”. Ou seja, tá exatamente aí o primeiro indício de privatização no mundo Pokémon. Com a influência necessária para manter o poder sobre Kanto e Johto (o que por tabela faz a empresa ser uma espécie de multinacional), ela acaba se tornando o próprio órgão regulador sobre a população, que depende de pagar diretamente a ela para manter o mínimo necessário de regalias. É claro, se em alguma hora rolasse um boicote da maior parte dessas duas regiões, a Silph perderia a sua força. Mas isso significaria voltar a um nível de vida tão simples quanto antes da invenção das Pokébolas. É um tipo de relação que se um lado perde, o outro acaba saindo no prejuízo também.
A força da filantropia
Em Galar, dá pra se ver um nível mais avançado desse formato de governo. Se você já jogou Sword e Shield, certamente deve ter percebido a influência que a Macro Cosmos exerce sobre a região. A maioria avassaladora dos itens é fabricada pelas várias vertentes da empresa. Não fosse suficiente, o controle do Rose sob a região se estende até para funções essenciais, como a segurança e a saúde.
Pra manter a roda funcionando, foram implementados os PokéJobs, onde seus Pokémon trabalham para a própria Macro Cosmos, em troca de tudo quanto é item com baixo valor de venda. E como manter a população de Galar conivente com isso sem reclamar? Simples. Financie a maior paixão das massas, ou seja, a Liga de Galar. Nem o cartola inglês da revolução industrial mais ganancioso teria uma ideia dessas. Mantendo a imagem de “o povo trabalha para o povo”, o Chairman Rose tem poder suficiente para mandar e desmandar na região de acordo com a sua vontade. O resultado disso, quem jogou já viu: Galar quase se torna pó com a influência de Eternatus.
O “Parlamento” Pokémon
Em Unova, não temos necessariamente apenas uma empresa que detém o poder regional, e sim um coletivo, possivelmente das mais ricas. Em teoria, esse grupo de empresas financia os custos da região, e mantém a Liga ativa. Na prática, esse seria o mais próximo de uma democracia que daria pra encontrar no mundo Pokémon, uma vez que a distribuição do poder é compartilhada por um grupo de pessoas. E nesse cenário, a população teria certo poder – ainda que indireto – para escolher os seus representantes. Caso não goste das atitudes de uma empresa, o povo pode levá-la a falência, ou diminuir seus lucros o suficiente para tirá-la do coletivo. E na regra do capitalismo, onde alguém perde, sempre tem outro que ganha. A corporação seria naturalmente substituída, e para se manter, teria que agradar ao povo.
Poder à Brasileira
Agora em Hoenn que a situação chega a outro patamar. Um quase consenso entre a maioria dos fãs é que no mundo Pokémon, o Campeão é quem exerce a autoridade sobre uma região. Junte esse poder a uma empresa e você passa na mesma hora a ser a única força de um local. E é justamente em Hoenn que isso acontece. E é lá onde o filho do presidente da principal empresa tem o título máximo da região.
Por lá, a Devon Corporation já é a empresa mais influente da região. Com sede em Rustboro, não seria exagero dizer que ela faz frente ao monopólio da Silph, uma vez que ambas tem o mesmo público alvo. Os braços de exploração da Devon se estendem a mais ramos também. Ao invés de simplesmente produzir itens para a manutenção de Pokémon, a empresa também se dedica em reviver espécies.
É simplesmente uma estratégia genial, uma vez que esses Pokémon revividos cedo ou tarde vão pra mão de algum treinador, que por tabela vai ter que gastar com o próprios produtos da Devon. Com esse ramo já garantido, resta a Steven ocupar a cadeira magna de Hoenn, e garantir o poder máximo da empresa na região. Mesmo com todo esse poder, a empresa acabou falhando quando Hoenn quase sumiu pela ação de Groudon e Kyogre, diretamente causados por organizações de poder paralelo. Dar cargos influentes a familiares e deixar a região a própria sorte. Mais brasileiro, impossível.
E como tudo é de graça?
Aí que vem outra dúvida. Num mundo onde não existe um sistema organizado de governo, quem é o responsável por sustentar as instituições essenciais, como hospitais, a polícia, o corpo de bombeiros, etc.?
A resposta é algo muito realista, e que por sinal já acontece no nosso mundo. A própria empresa. Com o capital acumulado totalmente pra si, as corporações do mundo Pokémon podem financiar os serviços básicos para a população.
A efeito de comparação, vamos pegar um exemplo do nosso próprio mundo real. Mais precisamente do próprio Brasil. Por aqui temos o SUS, que garante ao povo acesso a saúde gratuita. Só que na prática essa gratuidade só é possível porque a própria população já paga os impostos, na forma de produtos. São esses impostos que garantem outras vantagens, como o passe livre e a educação pública, por exemplo. É uma espécie de “seguro coletivo”. Todo mundo paga, e quando alguém precisar, já tá ali de graça. O mesmo vale para o mundo Pokémon. No caso, os hospitais seriam os Centros Pokémon.
Já parou pra pensar como que você nunca paga pela reabilitação da sua equipe? A verdade é que na prática ela já foi paga quando você comprou algum item para recuperar seu time. Uma parcela do dinheiro sustenta os custos que uma ida ao Centro teria. O sistema é visto pela população como uma espécie de atitude “filantrópica” por parte da empresa, ou seja, que abre mão dos custos em troca de uma causa nobre. O que acontece é que isso finca ainda mais o poder de uma empresa em uma região, uma vez que se ela entrar em falência, os Centros passariam a ser pagos, uma vez que não haveria mais ninguém para sustentar ele.
“Sou Ryca!”
Mesmo depois disso, uma questão ainda não foi derrubada. Nas regiões de Sinnoh e Alola, não existe exatamente uma corporação grande o suficiente para deter o poder, e o coletivo de empresas não teria caixa para sustentar a região completa. Nesses casos entram a parte mais teórica.
Apesar de não ocorrer com tanta frequência, ainda é uma possibilidade a ser levada em conta. O posto de Campeão, como já dito aqui, também exerce parte da influência sob uma região. E é em Sinnoh que temos a ocupante mais influente desse posto, no caso, Cynthia. Entrando em uma parte mais teórica, ela seria uma espécie de socialite, ou seja, detêm a grande parte do lucro da região.
Já Alola não tem um Campeão tradicional. E é aí que entra em cena a parte “filantrópica” do comando. Por lá temos Lusamine, responsável pela Aether Foundation. Mesmo que ela não seja necessariamente uma empresa, dá pra saber que o poder financeiro dela é grande. A maior prova disso é o fato de que uma mega base flutuante (também conhecida como Aether Paradise) não custa tão barato assim. Esse lucro expansivo em termos é o que banca a manutenção dos serviços essenciais da população.
Enfim, é isso. Essa aqui é só uma teoria, não precisa levar necessariamente nada daqui a sério. Essa é uma das diversas hipóteses possíveis sobre o funcionamento da economia do mundo Pokémon em si. E vocês, o que acham? Seria realmente esse o sistema de governo do mundo Pokémon? O que pagaria a gratuidade dos Centros? Comenta aqui. Até mais!
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